História de Natal
Aproxima-se o Natal e a equipa editorial d'O Irrelevante, apesar de, pessoalmente, não apreciar a quadra, mais uma vez mostra a fraqueza da sua vontade e cede à pressão das massas. Associamo-nos, assim, àquelas comemorações que são comummente apresentadas como sendo as do nascimento de Jesus - isto apesar de todos saberem que, para a maioria das pessoas, o pobre carpinteiro da Palestina que dizia ser Deus e o Salvador dos homens, é a coisa em que menos pensam nesta época do ano, e, já agora, em qualquer outra. Mas nós aqui n'O Irrelevante não discriminamos ninguém, sejam cristãos ou muçulmanos, judeus ou hindus, budistas ou ateus, mormons ou cientologistas, pagãos ou simplesmente distraídos. A todos presenteamos com estes bonitos poemas natalícios, Cartas do Perú dos Olivais, da autoria de Acácio de Paiva, que serão publicados em 3 fascículos. Esperamos que gostem.
I
Há dias que, diante do patrão,
ando de rua em rua
não sei por que razão.
Como tu viste, o homem resolveu
fazermos em Lisboa a consoada,
para me divertir, suponho eu.
Porém, se adivinhasse esta estopada,
tinha-lhe dito logo que não vinha,
tanto mais, tanto mais, não vindo tu,
minha peruazinha,
por quem morre de amor o teu perú.
É para ver a terra? Não percebo,
pois mal ergo a cabeça para o ar
trabalha logo a cana do mancebo
e continuo a andar, a andar, a andar...
Às vezes lá paramos, mas estranho
também estas paragens,
porque me agarram certas personagens,
tomam-me o peso, notam-me o tamanho
e até (Deus me perdoe se ouço mal!)
discutem o valor,
como se eu fosse, amor,
uma coisa venal!
Adeus. Com isto não te enfado mais.
Havendo novidades
escrevo. Mil saudades
e beijos do
Perú dos Olivais
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