terça-feira, 6 de novembro de 2007

Envelhecer

O crudelis adhuc et Veneris muneribus potens,
insperata tuae cum ueniet pluma superbiae
et, quae nunc umeris inuolitant, deciderint comae,
nunc et qui color est puniceae flore prior rosae
mutatus Ligurinum in faciem uerterit hispidam,
dices, heu, quotiens te speculo uideris alterum:
'Quae mens est hodie, cur eadem non puero fuit,
uel cur his animis incolumes non redeunt genae?'

Ó tu que és ainda poderoso pelos dons da cruel Vénus,
quando vier a barba, inesperada para a tua soberba,
e caírem os cabelos que agora esvoaçam sobre os teus ombros
e aquela cor, que agora supera em encanto a rubra rosa,
tiver mudado e alterar Ligurino para uma face enrugada,
dirás “ai de mim”, enquanto te vires diferente ao espelho,
“que memória há hoje, por que não foi a mesma em rapaz
ou por que, através destes desejos, não voltam as bochechas incólumes?"

(Horácio, Carmina, IV, X; tradução minha, embora os dois últimos versos tenham saído esquisitos...)

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