quinta-feira, 28 de junho de 2007

FDL e não só...

Infelizmente os sinais de senilidade do ilustre corpo de catedráticos que tanto publicam (em jornais e revistas, quando alguém lhes liga...) são cada vez maiores e mais generalizados, em toda a Universidade Portuguesa, conheço casos menos mediáticos mas igualmente chocantes noutras faculdades de referência da nossa praça.... enfim... para bom entendedor...

terça-feira, 26 de junho de 2007

Good Ol' Times

Ao menos isto tinha bem mais piada que as actuais alarvidades do AJ Jardim...

sábado, 23 de junho de 2007

Fim de semana estragado

sexta-feira, 22 de junho de 2007

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O Ar Condicionado de Hammurabi


A minha avó sofre muito com o calor. A ela, coitada, que já dorme pouco de noite (facto que ainda é mais agravado por ela pouco mais fazer durante dia do que dormir a sesta), afigura-se impossível pegar no sono naquelas noites de Verão. Aqueles que dizem que as noites de Verão são curtas de certeza nunca tentaram dormir quando faz calor. Se tivessem passado por essa experiência, saberiam muito bem que curtas são as noites de Inverno, que se dormem de seguida, a sono solto; as de Verão são intermináveis...

Mas voltemos à anciã. A provecta senhora, o Verão passado, queixou-se muito de não conseguir dormir por causa do calor. Enquanto falava com ela, lembrei-me de um povo antiquíssimo, que vivia num local bem mais quente do que o Alentejo e que construíram zigurates e jardins suspensos. Também eles teriam insónias de Verão ou teriam arranjado uma solução para isso? É que realmente eu não estou nada a ver os Jardins Suspensos da Babilónia a serem construídos por gente que passava a noite com calor e que andavam o dia inteiro a cabecear de sono. Mas logo me lembrei do que estes avoengos faziam para se livrarem de semelhante incómodo. E disse à minha avó: "Ó avó, faz como os Babilónios! Arranja uns baldes e uns alguidares, enche-os de água e deixa que a água evapore.". Ela lá o fez e, milagre!, resultou!!

Ora, quem me conhece sabe muito bem que eu sou tudo menos uma pessoa prática. Sou, muito pelo contrário, particularmente burro e desajeitado. Um idiota chapado. Nunca me teria lembrado de uma solução tão engenhosa e simples sem os meus amigos babilónios. E, pela primeira vez, alguma das minhas leituras inúteis, sobre os hábitos obscuros de povos que viviam para lá do sol-posto, teve alguma utilidade prática. Senti-me, confesso, orgulhoso de mim próprio. E, mais do que isso, senti-me em comunhão com aqueles ancestrais. Pois não terá, um dia, o famoso Hammurabi (sim, o do Código!), tido, com a sua própria avó - que a História, lamentavelmente, no seu preconceito quase universal contra as avós, não recorda - uma conversa semelhante?

domingo, 17 de junho de 2007

sábado, 16 de junho de 2007

Cigarras



Todos conhecem a fábula da cigarra e da formiga. A sua versão mais antiga é de Esopo, mas tem vindo a ser recontada vezes sem conta, nas mais diversas versões. A moral, essa, permanece, aparentemente, sempre a mesma: a cigarra só se quer divertir, só pensa no momento presente e, por isso, acaba por hipotecar o seu futuro; a formiga, por seu lado, é previdente e assegura o porvir com o trabalho de agora. A cigarra é insensata; a formiga é prudente. A formiga é admirável pela sua inteligência, a cigarra é lamentável pela sua insensatez. Mas esta está longe de ser a minha história favorita que envolve cigarras. Prefiro mil vezes a de Platão, na qual as cigarras fazem muito melhor figura. A cena é magnífica. Sócrates e Fedro passaram a manhã inteira a ler e a fazer discursos sobre Eros, deitados na relva, sob uma árvore frondosa, à beira de um riacho de águas cristalinas. Chega o meio-dia e a discussão envereda para a investigação do que significa fazer um discurso belo. Mas o calor e a preguiça ameaçam liquidar a conversa.

«Sócrates - Parece-me que também as cigarras, cantando sobre as nossas cabeças, na força do calor, nos observam conversando um com o outro. Se elas vissem que também nós os dois, como a maioria das pessoas, não conversávamos ao meio-dia, mas dormíamos a sesta e ficávamos fascinados, por preguiça da mente, por elas, muito justamente fariam chacota de nós, julgando que éramos escravos que tinham vindo até ao abrigo delas, como cordeirinhos que passam o meio-dia a dormir em volta da fonte. Porém, se nos virem a conversar e a navegar, não seduzidos, ao largo delas, como se fossem Sereias, o prémio que receberam dos deuses para dar aos homens logo, tomadas de admiração por nós, no-lo concederiam.

Fedro - Mas que é isso que elas têm? Pois isso é algo que me parece nunca ter ouvido falar...

Sócrates - Não fica bem que um homem que ama as Musas não tenha ouvido falar disto. Diz-se que antigamente, antes do nascimento das Musas, as cigarras eram homens, mas, tendo as Musas nascido e tendo aparecido o canto, de tal modo alguns dos homens foram fulminados pela sua doçura que, cantando, descuraram a comida e a bebida, e, sem se aperceberem, acabaram por morrer. Destes depois surgiu a raça das cigarras, que recebeu este dom das Musas: existirem sem precisarem de sustento, mas sem alimento e sem bebida logo cantar até à morte; e, depois disto, indo para juntos das Musas, anunciar-lhes quais dos homens daqui as veneram. Assim, a Terpsícore tornam-na mais benevolente, anunciando-lhe aqueles que a têm venerado nos coros; a Érato, aqueles que a veneram no amor; e às outras do mesmo modo, de acordo com o modo de veneração adequado a cada uma delas. A Calíope, a mais velha, e à que veio a seguir, Urânia, anunciam aqueles que vivem na filosofia e que veneram a sua música, pois estas são as Musas que, ocupando-se do céu e dos pensamentos divinos e humanos, cantam com a mais bela voz. Portanto, por muitos motivos devemos falar e não dormir ao meio-dia.

Fedro - Pois então falemos.»
(Platão, Fedro, 258e-259d; tradução minha)

E sim, eu tenho uma simpatia especial pelas cigarras...

A Beleza da Arrábida

sexta-feira, 15 de junho de 2007

A propósito...

disto, que disse o Pedro Nuno, e disto que disse o João Rodrigues, lembrei-me de algo que li há pouco tempo:

"In my view the conclusion to be drawn [...] is that controlling high and medium-rate inflation should be a fundamental policy priority but that pushing low inflation even lower is not likely to significantly improve the functioning of markets."

In: Joseph Stiglitz, The 1998 WIDER Annual Lecture (Helsinki, Finland), p. 8.

E não, não creio que 2% seja inflação média ou alta (nem 3% nem 4%).
E não, não me parece que Stiglitz discorde de mim nessa matéria...

A Utilidade da Direita

Bem, depois do meu último post, eu estava no youtube a ver coisas relacionadas com a triste figura do Sarkozy, para me rir mais um pouco e encontrei isto, isto, isto e isto, entre outros.

Depois de ver isto não posso deixar de pensar... de facto a direita tem algum bom propósito... fazer-nos rir.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Sarko e a Comunicação Social

Confesso que não sei se os outros telejornais passaram uma reportagem semelhante, mas ao menos hoje à noite o Mário Crespo mostrou-nos isto. Claro que a notícia não foi sobre o facto em si, mas sobre o facto de o jornalista ter pedido desculpa ao presidente francês. Parece que a embaixada francesa na Bélgica se apressou a esclarecer que o presidente só bebe água e suminhos, o que motivou um pedido de desculpas por parte do jornalista.
À luz deste facto a pergunta que se impõe é: era ganza ou Sarko abusou dos Xanax??

Anyway... é curioso que quando isto já tinha sido noticiado em vários países europeus (além da Bélgica pelo menos também em Espanha passou a notícia) Portugal se junte à França (liderada por tão sóbria figura) a não ter passado logo a notícia sobre algo que envergonha qualquer estadista (à excepção talvez de Yeltsin)... mas, assim como assim, não me parece que Sarkozy seja um estadista...

terça-feira, 12 de junho de 2007

Urbi et Orbi

Finalmente decidi-me. Depois de dias e dias de hesitação e de sofrimento, lá me lancei ao trabalhei e decidi escrever o post inaugural deste blog. Mas, quando aqui cheguei, vi que já tinha sido ultrapassado. O meu impetuoso co-autor já tinha desvirginado esta pobre donzela! Mas não faz mal... Cobardemente, não postou nada da sua própria autoria e, assim, é como se não tivesse deixado vestígios nenhuns.

Mas vamos ao que interessa (ou se calhar nem tanto). Anuncio à cidade e ao mundo que hoje aqui se inicia aquilo que se espera vir a ser uma viagem curta e infrutífera. Digo isto porque é a minha secreta esperança que este blog venha a ser instrumental para a demonstração de uma tese que eu alimento no meu seio sapiencial: que a publicação das ideias próprias é, na maior parte dos casos, uma tarefa ingrata, desagradável e inútil, tanto para o autor quanto para o leitor. Se é verdade que o pilantra do meu co-autor partilha esta opinião, apresenta, no entanto uma ressalva de relevo: que há gente cujas ideias e opiniões merecem ser partilhadas com o mundo. Ora eu com isto não posso de modo nenhum concordar. Essas ideias serão boas demais para este mundo miserável, e despir em praça pública o seu alto pensamento, perante a ralé, será para o autor a maior das humilhações. Também não posso concordar com a sua outra opinião (ainda mais temerária) de que os autores desta humilde página fazem parte desse panteão magnífico que habita os Olimpos da Inteligência e que, por isso, é nosso dever partilhar as brilhantes emanações da nossa mente com as multidões ávidas de esclarecimento. Venho pois aqui publicar este blog com o intuito de provar a minha absoluta imbecilidade, documentar a esterilidade do meu cérebro. Mais do que isso, mostrar ao presunçoso co-autor e aos nossos estimados leitores a verdade destas 3 teses: não temos nada a dizer; mesmo que tivéssemos, não teria importância nenhuma; mesmo que tivesse, os hipotéticos leitores não mereciam sabe-lo.

É isto que pretendo alcançar. Cheira-me que a minha tarefa será fácil...

Leituras de Trabalho & Lazer

"The roots of the concept of human development can often be traced to early periods in human history and can be found in many cultures and religions. Aristotle wrote that "wealth is evidently not the good we are seeking, for it is merely useful and for the sake of something else". A similar strain was reflected in the writings of the early founders of quantitative economics (William Petty, Gregory King, François Quesnay, Antoine Lavoisier and Joseph Lagrange) and in the worksof the pioneers of political economy (Adam Smith, Robert Malthus, Karl Marx and John Stuart Mill)."

"Wealth is important for human life. But to concentrate on it exclusively is wrong for two reasons.
First, accumulating wealth is not necessary for the fulfilment of some important human choices. In fact, individuals and societies make many choices that require no wealth at all. A society does not have to be rich to be able to afford democracy. A family does not have to be wealthy to respect the rights of each member. A nation does not have to be affluent to treat women and men equally. valuable social and cultural traditions can be - and are - maintained at all levels of income. The richness of a culture can be largely independent of the people's wealth.
Second, human choices extend far beyond economic well-being. Human beings may want to be wealthy. But they may also want to enjoy long and healthy lives, drink deep at the foutain of knowledge, participate freely in the life of their community, breathe fresh air and enjoy the simple pleasures of life in a clean physical environment and value the peace of mind that comes from security in their homes, in theis jobs and in their society.
National wealth might expand people's choices. But it might not. The use that nations make of their wealth, not the wealth itself, is decisive. And unless societies recognize that their real wealth is their people, an excessive obsession with the creation of material wealth can obscure the ultimate objective of enriching human lives."

(itálicos e negritos adicionados por mim)

segunda-feira, 11 de junho de 2007