segunda-feira, 30 de julho de 2007

In memoriam Ingmar Bergman


Finalmente apanhado por aquela figura que ele tão bem retratou...

sexta-feira, 27 de julho de 2007

sábado, 21 de julho de 2007

Grandes Monstros da História: Leopoldo II, rei dos Belgas


O Leopoldo era um homem que tinha um sonho: que a pequena Bélgica se tornasse grande. Para isso, planeava seguir a moda da altura e apoderar-se de umas terras perdidas em África e que, aparentemente, não tinham dono. É verdade que aquilo estava cheio de gente, mas eram uns selvagens que andavam quase nus e que não penteavam a barba e que dificilmente seriam admitidos nos salões mais exclusivos de Bruxelas. Claro que os Belgas tinham mais com que se preocupar e não queriam saber das exóticas terras africanas para nada. Mas o Leopoldo era um homem persistente e criativo. Teve uma ideia brilhante: "se os Belgas não querem uma colónia em África, tanto pior para eles! Porque EU, euzinho, o Leopoldo, vou ter uma colónia só para mim!" E assim foi. Tanta birra fez que conseguiu convencer as potências europeias (que na altura se entretinham traçando rectas sobre o mapa do continente negro) a concederem-lhe, como sua propriedade privada, nada mais nada menos do que o território da actual República Democrática do Congo, ex-Zaire.

A esta terrinha, 76 vezes maior do a sua Bélgica natal, e que era, para todos os efeitos, como se fosse o seu quintal, deu o enternecedor nome de Estado Livre do Congo. Como era um homem piedoso e amante do progresso, dedicou-se a civilizar aqueles povos primitivos. Como era um homem sensato e sabia que os melões não são de graça, dedicou-se também ao negócio da borracha. E, como era um homem prático, decidiu juntar aquelas duas actividades: civilizou os congoleses pondo-os a extrair borracha. Foram anos felizes: o rei e os seus agentes não só prosperavam como podiam orgulhar-se de levar a civilização a um cantinho perdido do mundo. A bondade, finalmente, encontrava a sua recompensa neste mundo, em vez de ter de esperar por ela no outro. Pelo meio, escravizaram, torturam, mutilaram e exterminaram uns quantos milhões de congoleses.

E este idílio teria durado eternamente, se não tivessem aparecido uns quantos europeus invejosos de tanta felicidade. Tanto barulho fizeram, que conseguiram convencer os Belgas, essa gente mesquinha e sem ambição, incapaz de reconhecer a grandeza de um sonho, a expoliarem o pobre rei da sua legítima propriedade privada e a privarem-no de continuar a exercer a sua infinita generosidade sobre o povo grato do Congo.

Por ter-nos mostrado como é administrar um estado como se fosse uma empresa privada e encher os bolsos com o extermínio de milhões, Leopoldo II, rei dos Belgas, merece figurar na ilustre galeria dos grandes monstros da História.

Paixões Helénicas



“Deverei eu então agora dizer”, disse Critóbulo, “com que fundamentos me orgulho da beleza?”

“Sim”, disseram eles.

“Se eu então não for belo, como julgo, vocês deveriam ser punidos por fraude: pois, sem que ninguém vo-lo peça, sempre jurando afirmam que sou belo. Eu pela minha parte acredito em vocês, pois considero-vos homens nobres e bons. Mas, se eu sou realmente belo e se vocês sentem em relação a mim o mesmo que eu sinto em relação àquele que considero ser belo, juro por todos os deuses que não tomaria o poder do rei [dos Persas] em vez da beleza. Porquanto agora eu ver Clínias é mais doce do que ver todas as coisas consideradas belas pelos humanos. Aceitaria mais ser cego para todas as outras coisas do que sê-lo apenas para Clínias. Sinto-me oprimido durante a noite e durante o sono porque não o vejo; sinto a maior gratidão para com o dia e o sol porque me revelam Clínias. É adequado para nós os belos orgulharmo-nos por causa disto: enquanto que o forte tem de adquirir bens trabalhando arduamente, e o corajoso, correndo riscos, e o sábio, falando, o belo, por seu lado, consegue tudo permanecendo em descanso. De qualquer modo, ainda que eu saiba que a riqueza é uma doce aquisição, mais doce seria dar o que tenho a Clínias do que receber mais coisas de outro, e mais doce seria ser escravo do que ser livre, se Clínias quisesse ser meu senhor. Pois seria mais fácil trabalhar arduamente para ele do que descansar, e seria mais doce arriscar-me por ele do que viver em segurança. Assim, Cálias, se te orgulhas de ser capaz de fazer as pessoas mais justas, eu mais justamente do que tu guio os homens em direcção à excelência. Pois por causa de uma certa inspiração nós os belos tornamos os apaixonados mais generosos no que diz respeito à riqueza, mais esforçados e desejosos da glória nos perigos, e mais modestos e controlados, pois daquilo de que mais sentem mais falta, disso mesmo mais sentem vergonha. São loucos aqueles que não escolhem os belos para serem generais. Eu, de qualquer modo, atravessaria o fogo com Clínias, e sei que vocês fariam o mesmo comigo. Por isso, não te interrogues mais, ó Sócrates, se a minha beleza trará algum benefício aos homens. E também não penses mais que a beleza é desprezível porque depressa passa o seu auge, uma vez que, do mesmo modo que o rapaz é belo, assim também o são o jovem, e o adulto e o velho. É sinal disto o seguinte: são escolhidos para serem portadores dos ramos de oliveira para Atena os velhos mais belos, assim sendo acompanhadas todas as idades pela beleza. Além disso, se é doce conseguir aquilo que se quer com a boa vontade daquele que dá, bem sei que mais depressa em silêncio convenceria este rapaz ou esta rapariga a beijar-me do que tu, ó Sócrates, por mais longa e sabiamente que falasses.”

(Xenofonte, Symposium, 4.10.2 - 4.19.1; tradução minha)

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Momento Musical

Johann Sebastian Bach, Matthäuspassion, "Mache dich, mein Herze, rein"


Mache dich, mein Herze, rein,
ich will Jesum selbst begraben.
Denn er soll nunmehr in mir für und für
seine süße Ruhe haben.
Welt, geh aus, laß Jesum ein!

domingo, 15 de julho de 2007

E o 3º é o Costa







A Cidade de Lisboa
de 2 Antónios desfruta.
Um é filho da Sé,
O outro...




... não é!



















sábado, 14 de julho de 2007

Obscenidades Arqui-velhas


Deprensum in puero tetricis me vocibus, uxor,
corripis et culum te quoque habere refers.
Dixit idem quotiens lascivo Juno Tonanti!
Ille tamen grandi cum Ganymede jacet.
Incurvabat Hylan posito Tirynthius arcu:
tu Megaran credis non habuisse natis?
Torquebat Phoebum Daphne fugitiva: sed illas
Oebalius flammas jussit abire puer.
Briseis multum quamvis aversa jaceret,
Aeacidae propior levis amicus erat.
Parce tuis igitur dare mascula nomina rebus
teque puta cunnos, uxor, habere duos.

Apanhado (1) dentro de um rapaz, com palavras severas, esposa,
Me censuras e dizes que tu também tens um cu.
Disse o mesmo tantas vezes Juno ao lascivo Tonitruante!
Este, contudo, deita-se com o grande Ganimedes (2).
Erguido o arco, curvava a Hilas Tiríntio (3):
Tu achas que Megara (4) não tinha filhos?
Atormentava a Febo Dafne fugitiva: mas estas
Chamas ordenou o rapaz Ebálio que desaparecessem (5).
Briseida, frequentemente, sempre que quisesse, deitar-se-ia ao contrário,
Ao Eácida era mais próximo o gentil amigo (6).
Abstém-te então de dar nomes másculos às tuas coisas
E pensa que tu, esposa, tens duas conas.

(1) “Deprensum”, acusativo do singular do particípio passado do verbo deprehendo, is, ere, di, sum, tanto pode significar “prendido”, “apanhado”, como “apanhado em flagrante”, “surpreendido”, mas também “estar embaraçado”.
(2) Referência a um dos filhos de Trós, mítico rei de Tróia, o qual, pela sua enorme beleza, foi raptado por Zeus e levado para o Olimpo para cumprir a dupla função de copeiro dos deuses e amante do seu raptor.
(3) Este verso refere-se a um dos aspectos (propositadamente) mais esquecidos da figura de Héracles (aqui referido como Tiríntio devido à sua terra natal, Tirinte), um dos paradigmas da masculinidade triunfante: os seus inúmeros amantes do sexo masculino (vd., a este respeito, Plutarco, Erotikos, 761d), entre os quais se contam Iolau, Elacatas, Abderas, Ifito, Nireu (considerado como o mais belo dos Aqueus em Il., II, 673), Filoctetes (protagonista da tragédia homónima de Sófocles) e também Admeto, Adónis e Jasão, entre outros. Hilas é talvez, de todos os seus amados, o mais famoso. Enquanto caminhava pelos campos, Héracles sofreu uma emboscada dos Driópios. Depois de ter morto o seu rei, Teiodamas, os atacantes renderam-se e ofereceram a Héracles o filho do rei, Hilas. A este o herói atribui a dupla função de carregador das suas armas e de amante. Toda a construção deste verso pode ser considerada como uma obra-prima da insinuação erótica. A palavra “posito”, que qualifica “arcu” (“arcus”, arco, no ablativo do singular) tanto pode significar “pousado”, “posto de lado” – o que é uma referência clara às actividades conjuntas de Héracles e Hilas quando não estavam em combate – como pode significar também “erecto”, estabelecendo uma relação entre o arco do herói e o seu pénis. Além disso, a palavra “incurvabat”, que aqui se refere claramente ao acto sexual (Héracles faria Hilas curvar-se de forma a poder penetrá-lo por trás), é uma palavra que se usa para o acto de curvar o arco. Vemos, então, em todo este verso, uma inter-penetração dos elementos que se referem ao combate e dos que se referem ao acto sexual, sugerindo que, na relação entre o herói e o seu companheiro, tanto a guerra como o sexo era inseparáveis.
(4) Filha de Creonte, rei de Tebas, e esposa de Héracles.
(5) Referência aos amores de Apolo: primeiro por Dafne, que o rejeitou; depois, por um dos seus vários amantes do sexo masculino.
(6) Referência a Aquiles e à sua relação com Pátroclo, considerada desde a Antiguidade como de natureza sexual (vd. Ésquilo, frag. 228ss), embora nada no texto da Ilíada indique claramente isso.

(Martial, XI, XLIII - tradução e notas minhas)

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Breach in the wall...

O João Rodrigues chama-nos a atenção para uma boa notícia.

De facto parece que cada vez mais se torna insustentável manter o autismo da 'economia' neoclássica.

Estou convencido que nós próximos anos (tal como nos anos 30 e 40) uma mudança profunda no pensamento económico terá de ocorrer.

São de facto boas notícias que vêm do país onde a ortodoxia neoliberal tem sido mais forte.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sobre Rousseau

- Um homem que se agrilhoa a si mesmo não é menos livre.

- É-o, se tiver perdido a chave.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

O Anjo Caído


Para desenjoar das Vaticanices: ilustração de Gustave Doré do Paradise Lost de Milton.

Habemus Papam!




Anuntio vobis magnum gaudium: Summus Pontifex missam tridentinam resurrexit!

Ou, para os leigos: voltou a missa em latim!

Nota bene: Não sendo eu católico, a questão não tem para mim qualquer tipo de interesse religioso e deixo a discussão da introdução da missa em língua vernácula pelo Concílio Vaticano II para os prelados e os teólogos. Mas, esteticamente falando, a missa em latim é infinitamente mais bela. A bem dizer, e falando apenas esteticamente, a missa em língua vernácula é uma foleirice pegada... Já agora, também não tenho grande simpatia pela música que se costuma cantar nas missas: um pouco de Mozart e de Haydn não fazia mal a ninguém...

Post-Scriptum: Melhor só se fosse mesmo em grego antigo!

sábado, 7 de julho de 2007

Eye Candy

Relaxados ao Braço Secular


O lugar do mundo com a maior taxa de crimes per capita fica aqui.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Food for Thought

"Faith in the 'simple man' is characteristic of most idealists and most reformers. It implies the doctrine of Equality - a doctrine essentially religious and mystical, continually disproved in every fresh sense in which it can be formulated, and yet remaining one of the living faiths of men" (Gilbert Murray, Essays and Addresses, 84)

domingo, 1 de julho de 2007

Serviço Público

Interessante notar que no "serviço público" pago pelos nossos impostos em que marcelo se diverte a dar notas às pessoas não é relevante perguntar-lhe sobre a "nota" que ele deu a Saldanha Sanches... enfim, como dizia o outro "é a vida"...