quinta-feira, 31 de julho de 2008

Lulu de guarda

Um Presidente da República, em condições ideais, não é mais do que um luxo a que a gente se dá. É uma criatura que instalamos numa bela casinha, a quem damos de comer os melhores manjares, que levamos a passear a sítios bonitos. No fundo, é um cãozinho de luxo, cuja utilidade é fazer inveja aos vizinhos e enternecer os donos. É, pois, um Lulu. Infelizmente, nem sempre as condições são ideais, pelo que o Lulu, muitas vezes, é chamado a desempenhar outras funções além das meramente decorativas. Por vezes, vê-se obrigado a rosnar e a mostrar os dentes, em defesa dos seus donos, o Sr. Estado de Direito e a Sra. D. Constituição da República. Mas, como a qualquer cão de guarda, exige-se-lhe que consiga discernir em que ocasiões é conveniente ladrar. De outro modo, arrisca-se a que a casa esteja sempre em alvoroço, até ao dia em que já ninguém dê importância aos seus latidos. É este o ideal a que todo o Presidente da República deve almejar: ser um bom Lulu de guarda: fazer boa figura e ser o orgulho dos seus donos e a inveja dos seus vizinhos, mas também ser feroz, ladrando quando for preciso (e sem alarmes desnecessários ) contra todos os que ameaçam a sua família. Quanto às virtudes decorativas do nosso actual Presidente, não há, de facto, muito a dizer. Esperava-se, no mínimo, que fosse um bom cão de guarda. Hoje ficou provado que não o é.