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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

História de Natal III

E agora o terceiro e último capítulo da surpreendente história das Cartas do Perú dos Olivais de Acácio de Paiva.

III

Querida. Água a ferver... Uma panela

ao pé dum alguidar... tenho receio...

Fala-se em cabidela

e em perú de recheio...

Afia-se uma faca... Ó céus! Que horror!

O monco já me cai... Nunca supus...

Que é isto meu amor?

Ai Jesus! Ai Jesus!

Já tenho as pernas presas...

Tolda-se a vista... Engasgo-me... Agonizo...

Tremem-me as miudezas...

Turva-se-me o juízo...

Adeus: Recebe o último glu-glu

e os corais

do in... fe... liz

Pe... rú... dos O... li...vais

domingo, 9 de dezembro de 2007

História de Natal II

E agora o segundo fascículo das Cartas do Perú dos Olivais, de Acácio de Paiva.

II

Meu anjo... Escrevo agora na cozinha

duma senhora muito delicada,

que me tem dado esplêndida papinha

assim como a criada.

Há pouco ainda (ora imagina, filha!)

deram-me até um copo de Bucelas

que me adoçou muitíssimo as goelas

e é uma verdadeira maravilha,

mas Deus queira, Deus queira

como só bebo água lá em casa,

que não me faça mal à mioleira

e que eu não fique com um grão na asa.

Amanhã te direi o que é passado.

Recebe mil bicadas cordiais

do teu apaixonado

Perú dos Olivais

sábado, 8 de dezembro de 2007

História de Natal

Aproxima-se o Natal e a equipa editorial d'O Irrelevante, apesar de, pessoalmente, não apreciar a quadra, mais uma vez mostra a fraqueza da sua vontade e cede à pressão das massas. Associamo-nos, assim, àquelas comemorações que são comummente apresentadas como sendo as do nascimento de Jesus - isto apesar de todos saberem que, para a maioria das pessoas, o pobre carpinteiro da Palestina que dizia ser Deus e o Salvador dos homens, é a coisa em que menos pensam nesta época do ano, e, já agora, em qualquer outra. Mas nós aqui n'O Irrelevante não discriminamos ninguém, sejam cristãos ou muçulmanos, judeus ou hindus, budistas ou ateus, mormons ou cientologistas, pagãos ou simplesmente distraídos. A todos presenteamos com estes bonitos poemas natalícios, Cartas do Perú dos Olivais, da autoria de Acácio de Paiva, que serão publicados em 3 fascículos. Esperamos que gostem.

I

Adorada perua:

Há dias que, diante do patrão,

ando de rua em rua

não sei por que razão.

Como tu viste, o homem resolveu

fazermos em Lisboa a consoada,

para me divertir, suponho eu.

Porém, se adivinhasse esta estopada,

tinha-lhe dito logo que não vinha,

tanto mais, tanto mais, não vindo tu,

minha peruazinha,

por quem morre de amor o teu perú.

É para ver a terra? Não percebo,

pois mal ergo a cabeça para o ar

trabalha logo a cana do mancebo

e continuo a andar, a andar, a andar...

Às vezes lá paramos, mas estranho

também estas paragens,

porque me agarram certas personagens,

tomam-me o peso, notam-me o tamanho

e até (Deus me perdoe se ouço mal!)

discutem o valor,

como se eu fosse, amor,

uma coisa venal!

Adeus. Com isto não te enfado mais.

Havendo novidades

escrevo. Mil saudades

e beijos do

Perú dos Olivais