sábado, 21 de julho de 2007

Grandes Monstros da História: Leopoldo II, rei dos Belgas


O Leopoldo era um homem que tinha um sonho: que a pequena Bélgica se tornasse grande. Para isso, planeava seguir a moda da altura e apoderar-se de umas terras perdidas em África e que, aparentemente, não tinham dono. É verdade que aquilo estava cheio de gente, mas eram uns selvagens que andavam quase nus e que não penteavam a barba e que dificilmente seriam admitidos nos salões mais exclusivos de Bruxelas. Claro que os Belgas tinham mais com que se preocupar e não queriam saber das exóticas terras africanas para nada. Mas o Leopoldo era um homem persistente e criativo. Teve uma ideia brilhante: "se os Belgas não querem uma colónia em África, tanto pior para eles! Porque EU, euzinho, o Leopoldo, vou ter uma colónia só para mim!" E assim foi. Tanta birra fez que conseguiu convencer as potências europeias (que na altura se entretinham traçando rectas sobre o mapa do continente negro) a concederem-lhe, como sua propriedade privada, nada mais nada menos do que o território da actual República Democrática do Congo, ex-Zaire.

A esta terrinha, 76 vezes maior do a sua Bélgica natal, e que era, para todos os efeitos, como se fosse o seu quintal, deu o enternecedor nome de Estado Livre do Congo. Como era um homem piedoso e amante do progresso, dedicou-se a civilizar aqueles povos primitivos. Como era um homem sensato e sabia que os melões não são de graça, dedicou-se também ao negócio da borracha. E, como era um homem prático, decidiu juntar aquelas duas actividades: civilizou os congoleses pondo-os a extrair borracha. Foram anos felizes: o rei e os seus agentes não só prosperavam como podiam orgulhar-se de levar a civilização a um cantinho perdido do mundo. A bondade, finalmente, encontrava a sua recompensa neste mundo, em vez de ter de esperar por ela no outro. Pelo meio, escravizaram, torturam, mutilaram e exterminaram uns quantos milhões de congoleses.

E este idílio teria durado eternamente, se não tivessem aparecido uns quantos europeus invejosos de tanta felicidade. Tanto barulho fizeram, que conseguiram convencer os Belgas, essa gente mesquinha e sem ambição, incapaz de reconhecer a grandeza de um sonho, a expoliarem o pobre rei da sua legítima propriedade privada e a privarem-no de continuar a exercer a sua infinita generosidade sobre o povo grato do Congo.

Por ter-nos mostrado como é administrar um estado como se fosse uma empresa privada e encher os bolsos com o extermínio de milhões, Leopoldo II, rei dos Belgas, merece figurar na ilustre galeria dos grandes monstros da História.

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